O Brasil possui uma população total de cerca de 210.000.000 de pessoas, destas, em torno de 55% são autodeclaradas negras ou pardas. Diante de um cenário com altos índices de desemprego, reformulações políticas, na legislação e economia. A função e atribuições do gestor de RH nesse processo de transformações são de extrema importância para o bom funcionamento organizacional.
No mês que dedicamos à consciência negra, precisamos falar sobre o panorama do mercado de trabalho brasileiro para essa população, que mesmo representando a maioria da mão de obra ativa em nosso país (quase 55% da toda a força de trabalho); permanece com a nomenclatura “minoria” em algumas literaturas e para questões da ordem de políticas públicas.
Cerca de 70% da população negra afirma já ter percebido descriminação em processos seletivos; Segundo os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), estima se que a população negra de desempregados esteja em torno de 8,2 milhões de brasileiros — dois em cada três desempregados do país.
As empresas brasileiras e multinacionais com atuação no Brasil começaram a discutir o tema da diversidade de forma mais intensa nos últimos anos, porém falta ainda adotarem políticas e métricas efetivas para aumentar a participação de profissionais negros, especialmente em cargos de liderança. Conquistamos tímidos avanços, entretanto, precisamos intensificar ações e propostas afirmativas para efetivamente assegurar a inserção de afrodescendentes em cargos além dos operacionais nas empresas.
Segundo os últimos dados do IBGE 50.3% dos estudantes das universidades públicas são negros e pardos, porém mesmo com maior nível de qualificação e escolaridade; ocupam somente 5% dos cargos de alta gestão e 6% dos cargos de gerência. Se adicionarmos questões de gênero, essa estatística é ainda mais excludente: Apenas 0,4% das mulheres negras ocupam cargos executivos nas empresas brasileiras e recebem cerca de 80% mesmo que os homens em média.
Negros e pardos são maioria somente em setores com remuneração mais baixa: agropecuária (60,8%), construção civil (63 %) e serviços domésticos (65,9%) — De acordo com a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais em 2017.
De acordo com o estudo Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, do Instituto Ethos, só alcançaremos a equidade de gênero no ambiente de trabalho em 80 anos e a racial em 150.
Segundo as organizações Dow Brasil e African American Network (AAN), grupo de diversidade da multinacional fabricante de produtos químicos, as companhias com atuação no Brasil estão gradualmente se conscientizando sobre a importância de ter um quadro de funcionários mais diverso, tanto para ampliar sua responsabilidade social, como para obter melhores resultados.
E como o RH pode intervir na desconstrução do panorama hegemônico étnico-racial e de fato, democratizar o acesso de profissionais negros à cargos estratégicos?
Como ação inicial, estabelecer e implementar metas agressivas inclusivas dentro das organizações, a fim de atrair esses profissionais que estão disponíveis no mercado. Segundo Elaine Matos gerente de produtos das empresas mencionadas: "É um mito dizer que não existem negros com formação nesse país. (…) Precisamos de políticas afirmativas dentro das organizações."
Precisamos ter muito cuidado em não somente implementar políticas afirmativas, como também estimular a diversidade e o bom clima institucional; o combate ao racismo e intolerância através de atividades integrativas e de conscientização dos colaboradores sobre a importância desse tema. Propiciando um espaço de convivência e troca de saberes; como também adotar uma postura firme contra práticas discriminatórias. A cultura organizacional é o DNA da empresa, logo esse caráter inclusivo deve ser uma constante desde o processo de recrutamento.
Precisamos observar a legislação a fim de evitar ações e adotar uma conduta que impacte negativamente a marca da empresa. Veja o que a lei fala sobre:
Alguns cases de anúncios que comprovam o impacto e a responsabilidade social do profissional de RH na hora do recrutamento:
Alguns institutos como o Ethos, ID_BR, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Institute for Human Rights and Business (IHRB) podem ser ferramentas de acesso a pesquisa e consultoria para auxiliar empresas e profissionais de RH interessados no tema.
Já para aqueles que estão em busca de oportunidades, a plataforma de vagas e cadastros de currículo AFROBRAS (www.iniciativaempresarial.trabalhando.com), concentra se na divulgação e cadastro de currículos para população negra.
A pluralidade é benéfica para o empregador, para o colaborador e movimenta a economia. Viva à diversidade! Feliz dia da consciência negra!
Este post foi criado por Marcella Brito - Assessoria de Carreira I R&S I Programa de estágios I DHO I cursando Psicanálise. Contatos: marcellabritods@gmail.com
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Panorama da População Negra no Mercado de Trabalho
Reviewed by Jonas Schell
on
dezembro 03, 2019
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